17/04/2025

Poesia: “Deixe-me pensar”
Que fizestes das rosas que te dei, pois vejo-as em pétalas pelo chão espargidas?
Ora, não me digas que tudo se desfez, pelo simples fato de outra vez ver-me assim tão indiferente!
Lembra-te sempre que nada mudou entre nós, e desta como de outras, muitas foram as vezes que me deixastes assim encabulado.
Lembro-me de todas, se não queres lembrar-te, pois a cada uma deste-me o mesmo descuidado apreço, zombando de meu zelo e de minha pretensão.
Flores são flores, mas a desdita de teu trato esparge pelo chão meus sentimentos como as pétalas retorcidas, murchas e desvalidas, desfeitas de vida, sem alma a lhes animar.
Dos desdém de teus suplícios, mais se soma minha esperança, e a cada golpe de tua ingrata afeição cresce em mim o desejo de possuir-te.
Dirás, certamente, ser isso mera ilusão a alimentar meus anseios desvariados, mas no âmago de meu ser, incontidos sentimentos alimentam uma voraz paixão.
Desta feita porém, sem pesar as minhas dores, alheio às cravas de teus açoites, liberto-me desta prisão em que me encontro sem, ao menos, olhar o que passou.
Volto-me para mim, como a me reencontrar, buscando apagar da alma todas as marcas que lá estão, sem deixar qualquer vestígio que te possa lembrar.

Areonth de Assumpção Rosa, Penápolis/SP, por e-mail