Tentativa de homicídio contra dona de casa é reconstituída

DA REPORTAGEM

A Polícia Civil de Penápolis realizou na manhã desta terça-feira (09) a reconstituição da tentativa de homicídio contra uma dona de casa de 55 anos que teve sua cabeça atingida por disparos de arma de fogo efetuados em frente à sua casa no último dia 17 no bairro Santa Terezinha, em Penápolis. Participaram dos trabalhos o microempresário e um enfermeiro, ambos de 30 anos e acusados de efetuarem os disparos e também a vítima, que já se recupera do ferimento sofrido. Os dois acusados respondem ao processo em liberdade.
Segundo o que foi apurado pela reportagem do DIÁRIO os trabalhos de reconstituição iniciaram por volta das 09h30 e duraram cerca de 30 minutos. A ação ocorreu na frente da residência da vítima justamente como forma de demonstrar como teriam ocorridos os disparos.
De acordo com a delegada que investiga o caso, Maria Salete Cavestré Tondatto, a versão dada pelas partes é a mesma já declarada logo após os fatos. “A versão apresentada pelos acusados é a de que eles haviam ido até a casa para atirar contra a residência como forma de dar um susto no filho da vítima por conta de uma discussão na noite anterior. Eles continuaram alegando que não haviam visto a mulher na área da casa e que só ficaram sabendo posteriormente do que havia ocorrido”, explicou.
Segundo ela, o trabalho de investigação quer saber se o projétil que acertou a mulher foi disparado em sua direção ou se ele ricocheteou em alguma parede ou outro objeto. “Por isso contamos também com o trabalho de peritos do Instituto de Criminalística (IC). Eles é que vão apontar como a vítima foi atingida”, afirmou.
A mulher contou para a polícia que no dia dos fatos ela, após ouvir um barulho de uma moto, saiu na área para saber se era seu filho que havia chegado, momento em que ela ouviu barulhos – que não soube identificar se eram tiros – e que apenas sentiu o sangue proveniente do ferimento, percebendo que havia sido alvejada. Ela foi levada à Santa Casa de Araçatuba e passou por procedimento cirúrgico para a retirada do projétil.
No dia do fato, peritos do IC estiveram no local e constataram sinais de disparos de arma de fogo no muro interno da casa, em uma das paredes da área da frente, num caibro do telhado no pára-brisa do veículo da família que estava na garagem.

Confusão
A investigação da polícia trabalha com a linha de que o fato ocorreu após um suposto desentendimento entre os acusados e a nora da vítima, uma jovem de 19 anos. Na época ela registrou boletim de ocorrência denunciando que foi vítima de agressão durante festa de formatura na noite anterior.
Segundo o que foi relatado pela jovem, o filho da dona de casa, de 22 anos, era um dos formandos e foi retirado da festa por um mal entendido, pois estaria brincando com um colega quando foi abordado pela equipe de segurança.
Ela contou que o companheiro foi procurar a organização da formatura, enquanto ela aguardava na porta do clube.
Ainda de acordo com ela, enquanto aguardava próximo da porta, um homem com uma criança no colo se aproximou, momento em que eles passaram a discutir, momento que ele a agrediu com um golpe no pescoço e a empurrou, fazendo com que caísse no chão, lesionando o joelho. 
Segundo a polícia, na manhã seguinte, familiares do formando teriam ido até a casa do pai de um dos acusados para conversar sobre o ocorrido, enquanto que no período da tarde os acusados efetuaram os disparos contra a casa do formando e que teve sua mãe como vítima.

Prisão
Com a informação dos disparos efetuados na residência da vítima, policiais militares realizaram buscas na tentativa de encontrar os suspeitos da ação. Por volta das 17h30, quando faziam patrulhamento na zona rural da cidade, policiais militares ambientais encontraram uma motocicleta Honda Biz estacionada próximo à entrada de uma propriedade, sendo que não havia ninguém próximo.
Enquanto estavam no local, os policiais avistaram o microempresário e o enfermeiro saindo de um corredor de cana próximo, realizando a abordagem dos suspeitos.
Durante revista pessoal, nada de ilícito foi encontrado com eles, mas durante pesquisa os PMs descobriram que havia um mandado de prisão expedido pela Justiça contra o microempresário. Ao ser questionado sobre os disparos, ele acabou confessando ser o autor da ação, e apontou que a arma estaria escondida em um rancho que pertenceria ao sogro do enfermeiro. 
Os policiais foram ao local indicado e encontraram um revólver calibre 38 municiado com quatro cápsulas o qual estava enrolado em uma camiseta e escondida em uma tábua.
O enfermeiro também confessou participação nos disparos, revelando que ele é quem conduzia a motocicleta. Indagados, revelaram à polícia que os disparos haviam sido efetuados em razão do desentendimento na noite anterior. 
Eles disseram que não tinham a intenção de acertar a vítima e que não sabiam que ela havia sido alvejada. Segundo os autores, a intenção era apenas “dar um susto” por conta do desentendimento. 
Eles foram presos, mas alguns dias depois conseguiram, através de um habeas corpus, o direito de responder ao processo em liberdade. “Vamos aguardar mais alguns procedimentos e finalizarmos o inquérito para que possamos encaminhar o caso para a Justiça”, finalizou a delegada.

(Rafael Machi)