Manoel Bento da Cruz, o fundador

Manoel Bento da Cruz, fundador de Penápolis, nasceu no dia 30 de junho de 1875 no Largo da Carioca, Rio de Janeiro, filho de José Rocha Cruz e Maria Vieira Cruz. Em São Sebastião iniciou os estudos que foram concluídos no Colégio D. Pedro II, fazendo os preparatórios para a faculdade de direito no Rio de Janeiro, curso da qual não chegou a concluir. Aos 18 anos casou, em Campinas, com Leonor do Amaral Rocha, tendo os filhos Iracema, Manoel, Leonor, Lucília, Gastão Rodolfo e Antônio. Em São Paulo foi tradutor da Comissão do Planejamento da Vargem do Carmo, tendo posteriormente mudado para São Pedro de Piracicaba como titular do Cartório do 1º Tabelião de Notas e Anexos. Com permuta de Cartório, transfere residência para São Carlos do Pinhal e posteriormente para Santana do Parnaíba (MT) onde monta uma banca de advogado e exerce funções de promotor de justiça. Veio para a região após a instalação da Comarca de São José do Rio Preto. Em 1905, com o início da construção da Estrada de Ferro, Bento da Cruz chega ao Bairro Lajeado, vindo a ser subprefeito do patrimônio de Santa Cruz do Avanhandava, por ele fundado em 1908 e que até então era subordinado à Prefeitura de Bauru. Em 16 de agosto, ainda como subprefeito, transferiu residência para os campos de Maria Chica, construindo com recursos próprios a primeira Estação da Noroeste; providencia ainda uma balsa para o trânsito no Porto Guanabara, localizada no Rio Tietê; edifica a Cadeia Pública de Penápolis; abre estradas de rodagem que liga o povoado ao Salto do Avanhandava; coloniza terras incultas, cria a agência dos correios e a coletoria estadual, além da primeira Escola Feminina da região. Criou ainda os municípios de Pirajuí, e os Distritos de Paz de Birigui e Miguel Calmon (atualmente Avanhandava). Em 1911 elegeu-se vereador em Bauru e em 1913, prefeito municipal. Em Bauru conheceu Amparo Alves Martin, com quem passou a viver maritalmente e contraiu matrimônio após a morte de sua esposa Leonor, que apresentava problemas mentais. Bento da Cruz fundou a Companhia de Terras e Colonização de Birigui, deu início à iluminação de Penápolis, colaborando com a exploração de energia elétrica do Santo do Avanhandava. Doou, juntamente com Elísio Augusto de Castro Fonseca, terras para a formação do patrimônio de Araçatuba, conseguindo junto ao governo estadual a criação das Escolas Reunidas, escolas rurais e grupos escolares. Em Penápolis formou extensos cafezais na Fazenda Santa Leonor, participou ativamente da instalação da Santa Casa de Misericórdia, inclusive do lançamento da pedra fundamental. Foi escolhido também o primeiro provedor.

Na vida privada tinha predileção pelo tiro ao alvo e, segundo consta, era exímio atirador, orador eloqüente, culto e poliglota (falava inglês, francês, italiano e espanhol). Como jornalista escreveu artigos para os principais jornais paulistanos da época. Bento da Cruz faleceu no município de São Vicente no dia 17 de maio de 1929, tendo sido homenageado em toda a região Noroeste, perpetuando-lhe a memória através de seu nome em vias públicas e estabelecimentos, como ocorre em Araçatuba, na EE Manoel Bento da Cruz. Segundo historiadores, Bento da Cruz era um líder autêntico, de inteligência incomum, destemido, sempre pronto a ajudar seus amigos e correligionários. Como fundador de Penápolis é lembrado através de uma avenida e praça, onde existe seu monumento. (PH)