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CIDADE & REGIÃO
04/10/2013
Fé: São Francisco inspira vida de religiosos penapolenses
DA REPORTAGEM
O dia 04 de outubro é considerado muito especial para os católicos, pois a data foi escolhida como o dia de São Francisco de Assis, homem que nasceu na cidade de Assis, na Itália, e herdeiro de grande fortuna, mas que largou todo o luxo para se dedicar aos pobres e necessitados da época.
Os católicos penapolenses por sua vez, tem um motivo a mais para comemorar a data, já que o Santo é o padroeiro da cidade e também pelo fato do município ter o segundo Santuário do Brasil, o único do Estado, que leva o nome de Francisco de Assis. Por conta disso, a igreja matriz é cuidada por Frades Capuchinhos, um dos três ramos da família franciscana, composta ainda pelos Frades Menores e os Frades Conventuais. Falar sobre a história de Penápolis é o mesmo que falar sobre a chegada dos Frades Capuchinhos, já que foram eles os principais responsáveis pela fundação da cidade.
Segundo relatos da própria igreja católica em Penápolis, a presença deles na região remonta ao ano de 1906. Em 1907 Manoel Bento da Cruz - que loteava e vendia terras nesta região - conseguiu de Eduardo José Castilho cem alqueires de terra para os Capuchinhos no local denominado "Maria Chica". Ainda segundo relatos históricos, em 2 de setembro de 1908, Manoel Bento da Cruz escreveu uma carta para Frei Bernardino de Lavalle, então amigos, pedindo-lhe urgência na vinda dos Capuchinhos para a região. Ele dizia que "a casa está pronta; estação obtida; o patrimônio povoa-se; já temos cerca de 12 a 15 casas com um efetivo de cem almas mais ou menos". Por causa disso, a ordem enviou para as terras, em 21 de outubro de 1908, os freis Bernardino, Boaventura, Sigismundo de Canazei e José de Cassana. A fundação oficial do município ocorreu no dia 25 de outubro, quando Frei Bernardino celebrou a primeira missa da cidade. A moradia oficial dos frades foi feita em madeira e permanece de pé até hoje, sendo mais conhecida como a "primeira casa de Penápolis", que está localizada à rua dos Capuchinhos, área central da cidade.
O Santuário como é conhecido hoje, já teve uma estrutura bastante simples e quando construído a igreja foi referência e marcou o início da religião católica em todo o noroeste paulista, já que era a única capela. Para frei Adalto Antônio, hoje pároco do Santuário, a história da cidade ligada à chegada dos Frades Capuchinhos deve ser muito valorizada pelos munícipes, servindo como motivo de orgulho. "Em primeiro lugar por causa da ligação direta que a cidade possui com os frades e segundo por conta do Santuário, patrimônio histórico, o que traz uma grande responsabilidade para esta população em manter viva esta história", comentou.
A presença
dos Frades
Hoje a ordem dos Frades Capuchinhos está muito mais presente nas cidades brasileiras. Acredita-se que somente no Estado de São Paulo haja mais de 100 frades, enquanto em todo o Brasil ultrapasse os 1,2 mil membros. Frei Adalto é um deles. Ordenado Frade em 1989, já passou por diversas cidades e hoje habita o convento Penapolense como pároco, sendo o responsável pela ordem da casa e da igreja matriz. Com ele, há ainda mais três frades e oito aspirantes.
"Estes são pessoas que escolheram seguir a vida de um frade capuchinho. Por algum tempo eles passam por diversas experiências para que sintam o que é ser um frade para depois prosseguirem na Ordem. Este é um período de muito estudo e envolvimento espiritual", explicou. Adalto revelou que escolheu ser frei para seguir os bons exemplos deixados por São Francisco. "Ele foi uma pessoa simples, que ajudava os irmãos de coração. O fato de deixar suas riquezas para se dedicar à igreja serve como grande exemplo para todos nós, sua humildade", acrescentou.
A fraternidade é formada sempre pela presença de mais de um frei na cidade onde há moradia da Ordem, isso porque os freis sempre se dividem na dedicação a algum trabalho dentro de sua cidade. Cada fraternidade é responsável por um "setor" diferente dentro da Ordem, como a responsável pelas missões franciscanas, responsável por paróquias, casa de formação e outras responsabilidades atribuídas à cada frei de acordo com a fraternidade em que reside. No caso de Penápolis, a fraternidade é responsável por atendimento à paróquia. Neste sentido, cada frei possui uma função específica, como trabalhos pastorais, atendimento ao público e outras funções.
Rotina
O dia começa cedo para os freis residentes no convento de Penápolis. Após acordarem eles se apressam para a primeira missa no Santuário, que é celebrada às 06h30. Terminada a rápida celebração, os freis se reúnem na capela interna para a primeira oração comum, feita por todos às 07h15.
O café da manhã vem em seguida e o momento é compartilhado por todos. O período da manhã no Santuário é dedicado aos atendimentos paroquiais, como resolução de trabalhos a serem feitos, atendimento à comunidade e as confissões. "Pessoas de toda a cidade e até da região nos procuram para confissões. O Santuário é um ponto de referência, até mesmo pela facilidade em sempre encontrar um frei disponível para determinados trabalhos", disse Adalto. Às 11h45 é servido o almoço. Este momento é de total comunhão e por isso é a hora em que todos precisam estar presentes partilhando a refeição servida. No período da tarde são feitos mais atendimentos e também visitas às famílias que por algum motivo não podem ir ao Santuário.
Os frades voltam a se reunir às 18h30 na capela interna, quando mais um momento de oração comum é partilhado. Depois de um dia de trabalho, os frades encontram tempo para reuniões pastorais feitas com pessoas da cidade participantes dos movimentos. À noite o grupo é dividido, pois enquanto alguns participam das reuniões, outros celebram missas nas diversas comunidades abrangidas pela Paróquia.
"Gosto muito da cidade de Penápolis, pois as pessoas são muito receptivas e sempre demonstram seu carinho pelos trabalhos realizados por nós, o que nos deixa muito contentes. Temos muito que agradecer pelo apoio destas pessoas, é a motivação delas que nos move a levar a palavra de Jesus Cristo e o exemplo de simplicidade de São Francisco de Assis", finalizou. (Rafael Machi)
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