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CIDADE & REGIÃO

11/02/2007

Descanso: Religiosos optam por retiros espirituais durante Carnaval

Detalhes Notícia

No feriado de Carnaval que, para grande parte dos jovens, representa o período mais esperado do ano pelos dias de festas ininterruptas, outros grupos preferem promover reflexões religiosas em retiros. Além de reunir os fiéis para uma programação especial que proporcione o fortalecimento espiritual, a idéia consiste também em se afastar do clima de Carnaval que toma conta da rotina nestes dias tanto pelo som alto nas ruas e clubes quanto pelas exaustivas transmissões pelo rádio e televisão. É o que afirmou o Pastor Waldecir Anacleto, da Igreja Luz para as Nações. “O objetivo do retiro é fugir das influências dos dias de Carnaval porque são negativas e mostram uma falsa alegria”, opinou. Para isso, o Departamento de Jovens da Igreja está organizando um acampamento num rancho próximo à cidade, que deve contar com a presença de cerca de 50 pessoas durante os cinco dias. “A maioria dos participantes são jovens, mas algumas famílias também aderiram a programação”, comentou o Pastor, “Estaremos buscando a verdadeira alegria e conciliando a vida espiritual com o lazer de forma sadia”, revelou ele.

A Igreja Católica também tem programação especial para os dias de Carnaval. Segundo o Frei Mauro Strabelli, do Santuário São Francisco de Assis, a Diocese promoverá um retiro para a juventude em Lins, enquanto a Renovação Carismática será responsável pelas chamados Encontros de Espiritualidade. “É um encontro sadio que envolve oração, diversão, gincanas e demais atividades”, contou o Frei.

 

Batista

Jovens da Igreja Batista Ebenezer, dirigida pelo Pastor Denílson Ortigoza Monteiro, os jovens com idade média de 18 anos se reunirão numa chácara nos dias 17, 18 e 19. Segundo Pedro Augusto Soler Carvalho, secretário da Igreja e um dos organizadores do evento, estão previstas atividades como pregação da palavra e louvor, além das atividades esportivas. “Participarão conosco alguns jovens de Avanhandava”, disse. Já o grupo de Juniores, cuja faixa etária fica entre 09 e 12 anos, participarão de um evento diferente também em uma chácara da cidade, nos dias 19 e 20. “Queremos oferecer uma opção sadia para que estes jovens tenham um encontro com Deus”, argumentou ele. Ainda segundo Pedro, o significado etimológico do Carnaval é “o aval da carne”. “É uma festa pagã onde se dá licença para obras da carne como práticas sexuais. O próprio nome da festa expressa a intenção”, comentou Pedro.

A Primeira Igreja Batista de Penápolis, dirigida pelo Pastor Fernando Costa Fernandes, também retoma este ano a prática dos retiros em Penápolis. De acordo com Paulo César Nunes da Silva, organizador da programação, a Igreja voltou a promover seus próprios retiros após alguns anos participando apenas de eventos de outros grupos ou outras cidades. Desta vez, cerca de 50 jovens estarão concentrados em uma chácara para participar de palestras, cultos e atividades de lazer do dia 16 ao dia 20. “Queremos tirar os jovens do período onde só se vê libertinagem e bagunça”, disse o organizador. “A idéia está sendo um sucesso porque os participantes estão bem animados e cerca de 70% dos jovens da Igreja aderiram ao retiro”, comemorou ele.

 

Metodista

Adolescentes e jovens, com idade entre 12 e 25 anos, da Igreja Metodista Central em Penápolis também se reunirão em um rancho entre os dias 17 e 20 de fevereiro. Segundo o Pastor Misael Lemos, todas as vagas disponíveis foram preenchidas. Ele explicou ainda que todos os anos a própria mocidade se organiza para estes eventos, participando ainda em conjunto com jovens de outras cidades, como no ano passado, quando se uniram às igrejas de Valparaíso e Araçatuba. “O objetivo é unir os laços entre jovens e irmãos, crescer espiritualmente, buscando o Senhor e tendo momentos de adoração e intimidade com Ele”, declarou Misael. Para ele, separar-se dos que seguem as práticas carnavalescas significa santificarem-se. “O Carnaval é o período em que o país se envolve numa maratona de atos pecaminosos, enquanto muitos o chamam de festa popular”, finalizou o Pastor. (AR)

 

Líderes religiosos interpretam sentido da
festa de Carnaval

 

Para o Pastor Misael Lemos, da Igreja Metodista, a cultura do Carnaval é uma anti-cultura cristã. “O que se pratica nesta época são atos que entristecem o coração de Jesus, como sexualidade, bebedeiras e outras extravagâncias”, declarou, “Sem contar o aumento do índice de violência, de luto e do vazio existencial que vem depois com outras conseqüências”, acrescentou.

Ele citou palavras da Bíblia como a do apóstolo Paulo quando fala sobre o modo de vida “Tudo é lícito, mas nem tudo convém”. “Essa é uma verdade  que poderia orientar outras áreas comportamentais do viver”, disse.

O Pastor usa como base também um texto do Bispo Nelson Luiz Campos Leite que aponta o Carnaval como estimulador do prazer do sexo e do uso de bebidas alcoólicas e de drogas. “No passado prevaleciam os tabus, as múltiplas proibições. Hoje predomina a plena liberdade, senão a libertinagem. Esse não era o propósito divino para o ser humano. A sexualidade, sim. A libertinagem sexual, não!”, destacou do texto.

 

Permissão

Já o Frei Mauro Strabelli explicou que festejar o Carnaval não é condenado pela Igreja Católica, desde que a diversão não ultrapasse princípios como a lei de Deus e o respeito ao próximo e a comunidade. Porém, o Frei opinou sobre o Carnaval atual como sendo a retomada de costumes pagãos. “Ainda que com exceções, o Carnaval é hoje um tempo de licenciosidade e permissivismo, libertinagem e bebedeira, um tempo de pecado”, comentou. “É uma festa instituída pela própria Igreja, mas foi profanada pelos próprios cristãos”, declarou ele.

Segundo explicações dadas por Frei Mauro, o Carnaval originou-se de festas da Antiguidade, posteriormente recuperadas e reinterpretadas pelo Cristianismo primitivo. Naquela época, a festividade começava no dia de Reis (6 de janeiro) e prolongava-se até a Quarta-Feira de Cinzas. “O Cristianismo purificou  esses festejos, celebrando-o três dias antes da Quaresma com a finalidade de alegrar o povo cristão antes de a comunidade começar as práticas da quaresmais”, contou o Frei, referindo-se ao período de oração, jejum e abstinência de carne. “Para a Igreja primitiva o Carnaval representava a despedida da carne e a palavra viria do latim carni-vale, adeus à carne”, interpretou ele.

 

Cinzas

Na Quarta-Feira de Cinzas tem início o período de quarentas dias de preparação para a Páscoa e é também na Quaresma que a Igreja Católica lança a Campanha da Fraternidade, cujo foco este ano está voltado para a região da Amazônia. A denominação “de Cinzas” refere-se, segundo o Frei, ao antigo costume bíblico de colocar cinzas sobre as cabeças dos fiéis em sinal de penitência.

Para o Pastor Misael, esta data já foi mais respeitada. “Hoje os festejos continuam pela quarta-feira e até no período da Quaresma, que deveria ser um momento de avaliação, reflexão e auto-análise à luz da fé”, criticou ele. O Pastor considerou ainda que os que participam do Carnaval e depois cumprem os rituais de arrependimento da Quarta-feira de Cinzas estão praticando uma ação superficial. “Infelizmente, para muitos a Quarta-Feira de Cinzas torna-se apenas uma fuga, uma ilusão ou um ato formal e obrigatório, sem profundidade”, concluiu o Pastor. (AR)

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