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26/02/2017
CANTINHO DA SAUDADE
Memórias do Carboni: Último jogo no Curtume
Como já foi narrado em outras ocasiões, não houve como segurar o campo do Curtume. A diretoria do mesmo, na pessoa do Sr Oshio e de outro funcionário veterano, o Sr Armando, foi irredutível e o campo foi mesmo interditado. A data limite seria no final de novembro de 1994, mas ela foi estendida até o final de fevereiro de 1995, através de um pedido feito pela Prefeitura Municipal. Portanto, teríamos mais três meses para usá-lo. No mês de dezembro de 1994 foi marcado um jogo com a equipe da Trituradeira Nossa Senhora Aparecida, do nosso amigo Pedro. No dia do jogo foi a maior decepção. Estávamos há algumas semanas jogando em outros campos e ninguém se preocupava em ir ver as condições do gramado. Isto foi feito no sábado a tarde e a primeira avaliação feita somente com o correr dos olhos, dava a entender que seria preciso apenas uma pequena capinada nos matos maiores. No domingo de manhã, eu e o Tarzã fomos lá fazer o tal serviço, mas depois de algumas enxadadas demos uma examinada melhor e tivemos a péssima constatação que o campo não tinha nenhuma condição de ser usado aquele domingo. A grama de um lado do campo estava bem alta, sendo que no chamado “gol de baixo” o mato chegava a altura da cintura. Viemos embora e só voltamos a tarde. As duas equipes já estavam quase todos seus jogadores presentes e notava-se a grande decepção de todos ao saberem da notícia. Tive a idéia de mandar o Tarzã até o Bar do Naedson, na Vila Aparecida, para ver se o campo de lá estava desocupado. A resposta foi afirmativa. Nem só o campo estava disponível, como também as redes e até a bola. É que naquela época a equipe da Vila Aparecida já estava em processo de encerrar suas atividades. Sem perder mais tempo, fomos todos para lá. O curtume contratava dois policiais a paisana como seguranças para prevenir qualquer dano a propriedade. Para nós, aquilo foi uma afronta, pois havíamos utilizado o campo por quase 29 anos sem causar nenhum dano ao local e não seria agora que iríamos estragar nossa boa reputação. Mas, mantivemos a calma e como os citados seguranças eram conhecidos nossos, pedimos a eles que avisassem algum retardatário sobre a mudança do local do jogo. Tivemos sorte nesse domingo, pois vencemos por 1 a 0 no aspirante e 2 a 0 no titular. Na semana seguinte pagamos para roçar o campo. Tentamos a ajuda da Prefeitura, mas como o trator estava quebrado, tivemos de contratar um particular, cujo serviço ficou em R$ 60,00. Mesmo sabendo que teríamos menos de dois meses para sairmos e que não usaríamos o campo todos os domingos restantes, gastamos aquela quantia (alta na época) para a roçada. Jogamos algumas partidas em outros campos e como o tempo não para, afinal chegou o último domingo. Para essa despedida recebemos a visita da equipe do Jatobá. Nosso aspirante foi surpreendido e perdemos o primeiro tempo por 3 a 0. Mas, na etapa final, reagimos e vencemos por 4 a 3, com dois gols de Fernandinho (5 e 22 minutos), Quié (15 minutos) e Luizinho (40 minutos). Foi um jogo bem emocionante, pois estar perdendo de 3 a 0 e ganhar de 4 a 3 não é fácil. O time jogou com Messias (Doi), Flávio, Francisco, Julião (Bacia), André (Tiririca), Ratinho, Borá, Fernandinho, Deti, Luizinho (Patinho e depois Quié) e Pururuca. O juiz foi o Dodo. No titular, o jogo foi bem equilibrado e o primeiro tempo terminou 0 a 0. No segundo tempo, Tiagão marcou um gol contra e tivemos a impressão que íamos perder, mas o Pereba fez dois gols aos 15 e aos 35 minutos e vencemos por 2 a 1. Jogaram Pururuca, Doi, Celino, Zico (Tiririca e depois Fernandinho), Cal (Borá), Tigrão, Zé Luiz, Espirro, Bacia (Quié), Pereba e Sabará. O juiz foi o Teimoso. E assim terminou uma etapa importante na vida do Fátima Futebol Clube, que foi o encerramento de um ciclo de quase 29 anos utilizando o campo do Curtume e com uma vitória. Lá nós entramos em março de 1966 e havia chegado a hora de sairmos. Era o dia 26 de fevereiro de 1995.
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