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22/10/2017

Cantinho da Saudade

Imagem/Arquivo Pessoal
Detalhes Notícia

Memórias do Carboni
Arranjando um apito

 

Um fato que merece ser lembrado aconteceu no dia 10 de março de 1973. Era domingo e íamos receber a equipe do Palmeirinha, lá no saudoso campo do Curtume, e, tivemos um pequeno problema de logística. O jogo ia ser realizado a tarde, mas logo de manhãzinha, quando eu arrumava o material que ia ser usado no jogo, notei a falta do apito. Na verdade, nós já tínhamos notado a falta dele desde o domingo anterior, quando o Rapadura tinha apitado um jogo lá mesmo no campo do Curtume. Naquele dia ele disse que havia me entregado e como eu não lembrava, o objeto foi dado como perdido. Ninguém se lembrou de comprar outro e como era domingo, as lojas estavam fechadas. Resolvi ir ao campo e lá encontrei outros colegas e então fizemos uma verdadeira varredura “pente fino”, mas que se revelou infrutífera. Ou o apito não fora perdido no campo ou se fora já tinha sido encontrado por outras pessoas. Naquele momento estava sendo realizada uma “pelada” do time do Brasilzinho, que era um time formado pela molecada do bairro e que estava sendo apitada pelo nosso jogador Tigrão, mas que naquele tempo o seu apelido era Bola 7. Pensamos em pedir o apito emprestado, mas, nem o Tigrão sabia quem era o dono e ficamos receosos de não sermos atendidos, e, então alguém deu a idéia de pegá-lo “emprestado” de outra maneira. Só que o Bijú queria apitar o jogo no lugar de seu irmão Tigrão, apenas com a intenção de expulsar um pequeno jogador como o qual estava embirrado, mas o resto da molecada ameaçou sair de campo e se isso acontecesse o nosso plano iria por água abaixo e então aconselhamos o Bijú a desistir da idéia. Em um ataque em direção ao gol do lado do Curtume ou chamado “gol de baixo”, o Tigrão jogou o apito ao chão e nós o pegamos. Quando a molecada parou de ouvir o barulho do apito pararam o jogo e começaram a dar bronca no juiz e ninguém acreditou na desculpa que ele deu de que o perdera. Mesmo sem muita convicção, todos ajudaram a procurar, só que o apito não estava mais na grama do campo, mas sim no bolso de alguém que também estava ajudando a procurar. A molecada queria continuar o jogo e como o Tigrão afirmou que não havia condições de arbitrar sem apito, o Frajola tomou o seu lugar assoviando com a boca e nós viemos embora com o apito. Depois tiramos uma argolinha dele e o usamos a tarde. Até apareceu o tal dono do objeto e pegando na mão pareceu reconhecê-lo, mas não pôde afirmar com certeza se era o dele e ainda mais com a nossa negativa de tê-lo pegado o fez desistir da idéia de reavê-lo. Com isso “ganhamos” um novo e bom apito.

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