23/04/2014

Uma carta para você menino...

...quando a saudade de um mundo modesto, mas rico de vida brota em cada sinal da natureza! E lá estava a novilha criando sob a chuva levando essa emoção para nós; e nesse embate do leite – o tronco da sustentação toda do campo.
E depois! Ah! Depois – o fogaréu nas canas onde os bichos e pássaros se protegem no pouso mexendo com a nossa consciência e queimando nosso remorso.
Mas agora – a cigarrinha vingativa. Será? Vindas, não sei donde, alojando-se no tronco das touceiras sugando o açúcar da cana num trabalho crivado, arquitetado, de buraquinhos na casca grossa como a disputar o raciocínio molecar de todas as descobertas!
Filho! As manhãs continuam lindas, ainda mais no outono tão apaziguador despontando o inverno. Manhãs serenas, esperando o sol que vai abrandando sobre os verdes que refletem brilhantes nos olhos, seus matizes que encantam: é a fotossíntese tão primária e milenar desse velho sol sobre as plantas.
A vida evoluindo – urbanizou você com sua paixão pelo gosto de voar, mas que só conseguiu através de seus aeromodelos que inspiraram seu ultraleve.
Com seus desejos – erros e acertos. Constituiu em nova família se ausentando muito.
De repente, ainda tão cedo, você parte sem um aviso prévio de um diagnóstico – para uma dimensão sem volta...
Estamos por aqui como estranhos no ninho entre essa mudança áspera desse mundo novo: é a invasão da internet, do celular, revolvendo caminhos desconhecidos nessa necessidade de mudança – de globalização, novas eras, a rotina...
Disse já o ”Pae”: no mundo de meu “pae” há muitas moradas! Será que essa mudança vai chegar até lá já que no universo nada se perde – tudo se transforma...
Meu Deus! Só os séculos saberão disso!? E nós onde estaremos! E você?!...

Maria Cândida Virgílio Galli, Penápolis/SP, por e-mail