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CARTA DO LEITOR

02/08/2012

Uma carta, uma lenda, uma lembrança...

Numa madrugada dessas do inverno fria e silenciosa ele cantou...

Cantou no clarão pálido da lua pela neblina tênue que vai vagarosamente se diluindo até o chão morno acumulando o sereno no verdor matinal que resplandece.

E ele canta e como canta num piado preso na garganta pela cadência métrica.

Sua lenda já corria nos tempos da lendária Maria Chica que caminhava já há muito na relva pequena dessas águas do córrego, hoje homônimo pela lembrança cativa e histórica dessa mulher valente, guerreira despojada dos medos pela coragem selvagem em meios tão hostis, tão primários, infestados de índios. Ali vagou, criou e sonhou, com certeza, como qualquer mulher sonha tão só.

E a mãe da lua, a mãe da noite, ali cantava. Hoje sabemos que é o urutau nome herdado dos silvículas que se cantasse em noites escuras eram presságios de mau agouro: misticismos de sentido oculto que acompanha o homem na sua contemplação cósmica espiritual desde os tempos primevos. E o velho urutau continua cantando... Escuto-o por aqui entre as árvores antigas das raízes coloniais.

Aí eu me apego a você Claudio que o ouvia entre outros fatos narrados e imaginava-o sempre a procura da companheira que arredia talvez e tresmalhada não saia de seu ninho antigo para acompanha-lo: É a vida em todos seus aspectos; você que também tão bem cantava com seus clássicos populares de velhos cancioneiros e velhas guarânias melodiosas que vibravam. Você o primeiro filho da família que tanta coisa resolveu na velha roça: Desde os recursos da bomba d’água no fundo do poço à luz que faltava e a doméstica hidráulica que distribuía água para todos os bichos: o gado, porcos, galinhas, etc. Revolveu terras brutas de noite e de dia. Era a luta pela sobrevivência dos tempos antigos, junto ao seu pai meticuloso pela subsistência segura de todos.

Veio a cana. Com ela o açúcar, o álcool e a sacarose tão disputada. A comunidade rural se preparou esperançosa com investimentos caros - você soube bem... E depois de tudo conquistado com o próprio trabalho de todos surge uma demanda misteriosa algo subversivo que dividiu e endividou todos com os seus insumos, suas máquinas e ferramentas adquiridas (outra lenda que ficou desfigurada).

Você menino homem como bem a tia Ignês o chamava passou a sonhar com a sua paixão de criança – os aero modelos, embora caros criou-os muitos e foi até o ultraleve aberto. Fez e voou. Voou alto e disse ter passado muito frio lá em cima – o próximo seria fechado.

Aqui comigo alguns dias depois de conversarmos sempre até tarde da noite saiu sem nada falar, muito menos da dor com seu carro silencioso. Só soube de sua ausência de manhã quando já estava no Incor. Não mais o vi e aquele falado frio lá do alto entranhou em mim e aí ficou.

Procuro-o agora nas nossas lembranças queridas e OBRIGADA SENHOR pelo dom da vida que juntos tivemos. Esqueceram a velha mãe por aqui e levaram você, mas nos encontraremos lá. É a Lei. 

Por Maria Cândida Vergílio Galli, Penápolis/SP

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