16/08/2011

A UM GRANDE MESTRE
                  

Quando cheguei a esta hospitaleira Penápolis, vinha eu de anteriores vivências em outras cidades igualmente plenas de instigantes peculiaridades, assim como as palpitantes capitais do nosso Estado e a de nosso querido país. Tinha residido com a família naquelas metrópoles, com uma casa de campo em Santana de Parnaíba e um pequeno apartamento de veraneio em Serra Negra, que mobiliamos alegremente, eu e Tânia em nossa inesquecível lua de mel. Convivemos com as comunidades dos três municípios e do Distrito Federal, realizando proveitoso treinamento social para a vida que levaríamos, posteriormente, na terra de Maria Chica.
Com relativa experiência em relações humanas, haurida de uma carreira profissional intimamente ligada às atividades da administração pública, fui entrando discretamente pela porta da frente, na sociedade local, nem com o temor de quem adentra uma arena nem com a descontração de quem recebe troféu em solenidade. Pedi licença, respeitosamente e transpus os limites da resistência bairrista das lideranças locais, com a contrição de quem chega a um templo. Autenticamente humilde, não me apercebera de que obedecia ao preceito “os últimos serão os primeiros” e sem me dar conta de correta prudência, vini, vidi, vinci, como reza o lapidar dito latino.
Já nos primeiros dias de permanência aqui, fui convidado, amavelmente, para integrar o “cast” da rede Icatu-Difusora de rádio e para fazer uma coluna social no “Interior”, capitaneado à época pelo lúcido jornalista Pedro Campos. Abria-se para este atento observador do cotidiano uma excelente oportunidade de conhecer os habitantes da Comarca, suas histórias pessoais e coletivas, suas lideranças políticas, seus pastores de todas as religiões e as robustas promessas de suas infância e juventude. Foram anos de observação e divulgação de fatos, pessoas e acontecimentos positivos, sempre revestidos da polidez peculiar ao colunismo dito “social”.
Hoje olho para trás no tempo e constato, preocupado com a indigência de meu discernimento, que deixei de exaltar nos espaços a mim concedidos na mídia, personalidades que muito fizeram para merecer a consagração pública de seus contemporâneos. Fi-lo com relação à muita gente boa e honesta, mas por desconhecer a história pretérita de outros tantos, deixei abertas imperdoáveis lacunas, silenciando, injustificadamente, sobre verdadeiros expoentes da sociedade humana local.   Esta neste caso, a pessoa do venerável professor José Fulanetti de Nadai, cujos lúcidos ensinamentos voltaram, recentemente,  a ilustrar as páginas da imprensa local.
Para gáudio dos penapolenses daqui e de alhures, voltamos, seus leitores dos quatro pontos cardeais da Região (e alguns ocasionais, de outros pagos) a nos encantar com sua perícia no manejo das idéias, com sua verve de caboclo do interior e com sua impressionante cultura de educador consumado. Assim como as cores no pincel de um grande artista plástico compõem obras primas, as palavras no texto de Nadai estão sempre encaixadas nos lugares certos, revestindo brilhantemente os sentidos que lhes correspondem. Pelo exposto nestas mal traçadas linhas resgato hoje antigo débito: a homenagem devida a um grande mestre.  

(*) Amaury Pavão, jornalista