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CARTA DO LEITOR
14/04/2010
Ao amigo Capitão Adolfo Hecht
Prezado Capitão Adolfo,
A sinceridade de sua carta recentemente enviada a este jornal, citando um texto em que fiz-lhe referência, tocou-me de maneira muito honesta. O senhor talvez não saiba da admiração que nutro por pessoas na casa dos setenta anos, como o senhor, ou mesmo na dos oitenta, como o nosso amigo Dr. Edson Geraissate, e que se mostram sempre ativos, dispostos a lutar pelo bem comum desta cidade, com participação em movimentos populares de naturezas as mais diversas, integrando-se na política, dedicando o tempo em que - com toda a justiça do mundo - poderiam estar relaxando ou descansando, para buscar o melhor para o povo desta cidade. Minha admiração pelo senhor, pelos demais citados em minha carta anterior e por outros cujos nomes não lembro ou não devo citar (pois ainda estão na "política recente" de Penápolis) vem do fato, como disse, do comportamento pelo qual sempre se pautaram enquanto homens públicos: absoluta insubordinação e total ausência de subserviência aos poderes constituídos. Ora, todos nós sabemos que, seja lá qual for o Governo, alguns políticos lhe são servis, ou fazem aquela oposição desmedida, inconsistente, apenas para atrair os holofotes da mídia. O senhor nunca fez isto: acompanhei sua trajetória política, tal como constatei a atuação dos demais citados. Nunca vi, da parte dos senhores, vontade em "enfrentar" sem razões quem estava no Executivo, ou ser capacho de quem ocupava a poltrona de Prefeito. Ao contrário: penso que o senhor, tal como os citados, foram pessoas que mantiveram sempre uma postura que todo político deveria ter - ideologia! Tenho 28 anos de idade e ainda acredito em ideologias, no sentido de conjunto de ideias destinadas à formulação do bem comum de uma dada sociedade. Não posso concordar, como uns e outros dizem, que as ideologias "acabaram", pois se ao fim elas chegaram, quem somos nós? Um bando de seres guiados pelo nada, ou pelos interesses de minorias que querem fazer fama, poder ou qualquer coisa similar às nossas custas? Às vezes, Capitão, sinto falta destas discussões. Parece-me que o mal do século é, realmente, a palavra: todos parecem defender a mesma coisa, pois no verbo a defendem, mas... quem realmente crê nos valores que afirma perante uma Tribuna? Isto me parece muito sério. Quando via o senhor, o Mazinho, o Roberto Torsiano, o Prof. Fulanetti, enfim, em um discurso, via-os defendendo valores, posições, verdadeiros ideais. Não estavam lá para brincar, atrair holofotes ou se deixar levar por discussões mesquinhas tais como "quem conquistou isto fui eu, e não ele". Os senhores se preocupavam em conquistar, simplesmente. Não desejavam a promoção do nome, e sim a promoção da conquista, desde que fosse destinada ao que entendessem como construção da melhoria social. Eis o que, em minha visão, diferencia-os de muitos outros integrantes que passaram ou estão nas cadeiras da política local. Contudo, dou minha mão à palmatória e reconheço certas coisas. Seria ingênuo de minha parte afirmar que a sociedade não se deixa levar pelas aparências; ao contrário: parece-me que hoje, mais que nunca, as aparências dominam todos os terrenos, sobretudo os da política. Faz "sucesso" entre o eleitorado quem tem uma boa campanha, ou gosta do escândalo, dos holofotes, da promoção do próprio nome, enfim, e não aqueles que verdadeiramente preocuparam-se em estudar problemas da cidade, ouvir o cidadão comum do dia-a-dia, saber de suas dificuldades e procurar ajudá-lo, etc. Este tipo de política - que era a política feita pelo senhor e pelos citados - parece ter-se tornado coisa "do passado" mas que, sob nenhuma hipótese, é coisa que deve ser considerada como "ultrapassada". É o modo correto de se fazer política, ao menos em minha visão. Uma política com bases ideológicas sérias, claras e, mais ainda, com verdadeiro conteúdo! Aliás, esta é a palavra que os senhores tinham, e que hoje a muitos falta: "conteúdo", visão, coragem e garra, mesmo que tendo de tomar medidas impopulares. O Prefeito João D'Elia, por exemplo, fez reconhecidamente um grande governo. Mas se nos dirigirmos a jovens, ou até mesmo a alguns não tão jovens, estas pessoas sequer sabem quem é João D'Elia! Creia-me: não são poucos os que não sabem. Quanto aos vereadores, a situação é ainda pior. Parece-me que houve, aos poucos, a troca da verdadeira "ideologia" pela "fisiologia", que decididamente é o que os senhores nunca representaram e, como os conheço, sei que jamais representariam. Confesso que toda esta inversão de valores que permeia as pessoas de nossa sociedade - e que possui, talvez como expoentes maiores, membros de minha própria geração (os próximos aos 30 anos de idade), é algo muito preocupante. Digo-o porque também eu e minha geração teremos, um dia, 70, 80 ou 90 anos, e o que seremos de nós, se não começarmos a refletir sobre todas estas questões desde já? Com isto eu quero afirmar, taxativamente, que a maioria dos penapolenses não sabe votar. Não questiono a legalidade ou a justiça das eleições, e sim a legitimação de certos grupos que compõem o poder. Temos representantes do povo ou representantes de interesses organizados? Ou, pior ainda, temos representantes de interesses meramente pessoais? Eu não sou ninguém para afirmar isto tudo, bem sei, mas se eu pudesse lideraria um movimento pela volta de todos os senhores à política, ao lado de outros que nela estão, seja como estreantes, sejam os já mais experientes, independentemente de partidos ou posições. Gostaria de ver discussões permeadas de conteúdo, como aquelas contendas existentes entre os Doutores Mário Sabino e Ramalho Franco, e não certas banalidades que, com tristeza, tenho testemunhado. Isso empobrece a nossa sociedade, mas ela muitas vezes não está alerta: percebe o erro apenas muitos anos depois, se é que o percebe. Mas como mudar isso? Creio que duas medidas poderiam ser implantadas desde já: obrigatoriedade, nos currículos escolares, de estudos acerca da história do Município, e por outro lado tornar (só não sei a que custo financeiro) a TV Câmara como televisão aberta aos canais de todos os penapolenses. A televisão é atrativa, pois demonstra as reações em plenário, os gestos, as posturas dos ocupantes de cargos públicos... mas somente quem tem televisão a cabo (e eu não tenho) ou internet possui acesso a estas informações. De resto, a transmissão via rádio parece-me um tanto desprestigiada, ao menos entre os integrantes de minha geração, que preferem novela ou futebol. Nada contra novela e futebol, aliás, mas ao lado deles poderia coexistir algum lugar destinado à discussão da política, mormente da política municipal, que tanto nos interessa e diz respeito. Foram estas as razões, meu caro Capitão, que fizeram referir-me ao senhor e aos demais citados com a palavra "saudades". Saudades de um tempo em que o partidarismo parecia-me mais baseado em discussões de mérito de políticas públicas do que em banalidades ou adulações tolas (como as moções de congratulação enviadas praticamente a qualquer cidadão que se mova!). Tenho saudades, enfim, do que foi bom e aos poucos se perde: a discussão de valores, de propostas, de ideias, de sugestões concretas para a melhoria da cidade, coisas que o senhor, o Mazinho, o Torsiano, o Fulanetti, enfim, faziam de maneira tão bem feita. Se cada um tinha uma tendência ideológica diversa, enfim, havia entre os senhores um ponto comum: sobriedade no compromisso com a coisa pública, com os verdadeiros interesses da sociedade! E é disto, meu amigo Capitão, que este seu jovem amigo tem saudades... muitas saudades!
Renato de Almeida Muçouçah, por e-mail
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