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CARTA DO LEITOR

16/03/2010

"E por falar em saudades...

... onde andam vocês?" Não sou e nunca fui saudosista, mas me utilizo deste pequeno trecho da música de Vinícius de Moraes para citar algumas lideranças políticas desta cidade que, talvez, tenham caído na vala comum do esquecimento. Creio que todos os que passaram por nossa história contribuíram, com sua parcela, para a melhoria da cidade. No entanto, há algumas personalidades (dos mais diversos partidos e tendências políticas) que nos marcaram muito profundamente e, se houver interesse deles, este cidadão aqui gostaria de vê-los na ativa. Cito, inicialmente, o grande Edson Geraissate, de quem sou fã. Cadê o senhor, Dr. Edson? Sei que está se destacando muito no Ágora e na FUNEPE, mas tê-lo na política uma vez mais seria algo muito, muito positivo. E João Carlos D'Elia? Ele mesmo me disse que tem sua profissão e não desejou tornar-se um político profissional, destes que não largam a coisa pública por nada. É louvável, Dr. João, mas sua contribuição foi tão inesquecível e boa que deixá-lo de fora da política é quase um pecado. Cito, ainda, Roberto Torsiano, Capitão Adolpho Avóglio Hecht, meu primo Mazinho (Osmar de Almeida), Professor Fulanetti, homens estes de políticas tendências diversas mas que se uniam num ponto comum: seriedade com a coisa pública e absoluta insubordinação para com interesses de classes, poderes econômicos ou mesmo ditames partidários. Lutaram sempre pelo bem da cidade, não tinham pudores em votar ora com a situação, ora com a oposição, e só por um motivo: para sempre fazer valer o interesse desta sociedade. Estas personalidade e outras mais, cujo nome não recordo por absoluta incompetência de memória, não deveriam se apagar tão cedo das hostes políticas. Talvez estejam presos a interesses particulares ou familiares e, por isto, chega a ser atrevimento de minha parte pedir para que voltem. Mas, se não estiverem, por que não voltar, se construíram tantas coisas positivas pela cidade? São pessoas vivas, com saúde, dispostas - estou certo - a dar o melhor de si pela cidade. Foram grandes nomes do Executivo e do Legislativo que, há tempos, não vejo disputar mais uma eleição. Pois retornem, senhores. Não posso prometer meu voto a todos os senhores, pois ele é apenas mais um; porém estou certo de que a sociedade saberá votar em cada um de maneira tal a reconduzi-los a cargos públicos, se tiverem dimensão do que os senhores significaram para Penápolis. Não cito os atuais e recentes políticos, seja em atuação ou que recentemente ocuparam espaço público, apenas por uma questão de apreço ao jornal e à legislação vigente. Eu mesmo, um dia, ainda espero dar minha parcela de contribuição à sociedade, seja no Legislativo ou no Executivo, mas isto demorará bastante tempo (no mínimo 10 anos), vez que me encontro preso à roda de fogo dos interesses familiares e particulares. Com isto quero dizer que não fujo eu, também, à minha parcela de responsabilidade, mas ela somente poderá ser exercida daqui muito tempo, e se a sociedade me considerar apto a tal. Mas os senhores ora citados, e outros, poderiam pensar em voltar e apagar um certo vazio que deixaram a todos nós. Para finalizar a minha mensagem, deixo uma reflexão que obtive de meu padrinho, o ex-Prefeito Dirceu Peters, meu tio-avô, falecido há 20 anos. No fim da vida ele sentiu uma certa mágoa (pequena, diga-se) por não ser reconhecido, pelo povo, em tudo o que fez. São os revezes da política, enfim. Mas, ao final de seu mandato como Prefeito, os servidores da Prefeitura se uniram e foram até ele e à primeira-dama, minha queria tia-avó e madrinha Diva, agradecer por sua gestão. Somente este gesto já imortalizou a grandeza de seus atos. Mas, ainda que isto não tivesse existido, o Parque Aquático por ele construído continua presente até hoje, atendendo à população penapolense com propostas voltadas às crianças, à terceira idade, etc. Política bem feita é isto: não sem motivos, Aristóteles a considerava a ciência arquitetônica, pois dela e nela se resolvem todos os demais problemas, sempre voltados à satisfação dos interesses da comunidade. O reconhecimento, eu penso, é um fator secundário, pois cedo ou tarde ele acaba por aparecer. A população sempre pode se equivocar num dado momento, mas nenhum equívoco é eterno - as memórias de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitscheck que o digam. Muitos foram seus erros (Vargas foi ditador e Juscelino endividou o país até os limites do absurdo) mas, mesmo assim, suas gestões inegavelmente mudaram a cara do Brasil. Vargas, se não tivesse se matado, receberia pedras em praça pública na época; Juscelino terminou o mandato com fama de corrupto e imoral. Hoje e há muito, os brasileiros lhes fazem justiça. A vida é assim desde que o mundo é mundo. Por isto, senhores citados e/ou tocados com a mensagem, voltem à política. Se não se elegerem, não deixem de dar sua contribuição em movimentos de natureza associativa, OCIPs ou em órgãos fiscalizadores do Legislativo e Executivo local. A sociedade lhes será grata, eu tenho certeza.

**(*) Renato de Almeida Muçouçah, 28, advogado, Mestre e Doutorando em Direito pela USP**

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