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CARTA DO LEITOR
10/11/2020
O silêncio desta manhã de domingo aliava-se com os meus absortos pensamentos. A cada passo que dava nesta caminhada, sua imagem vinha na minha cabeça, e a tristeza sobrepujava estes momentos.
Lembrando o ano de 1951, precisamente no dia 05 de abril, veio na minha lembrança momentos de alegria, quando voltava no período vespertino do segundo grupo escolar, onde eu fazia o meu primeiro ano de alfabetização, quando cruzei com meu saudoso pai que ia à farmácia comprar alguns medicamentos, inclusive o óleo de copaiba para colocar no umbigo de um novo ser que acabara de nascer, na rua Brasil, no Bairro Alto de Penápolis, hoje Rua Augusto Pereira de Moraes, que, na pia batismal e no registro civil, recebeu o nome de Délcio.
Geneticamente, ele puxou ao meu pai, tinha a sua pele um tanto mais morena do que nós, os outros irmãos, o que valia as brincadeiras entre nós de que ele era o sabonete Phebo, e também de seu Nassif, um mascate libanês que passava nas casas, pois tinha a cabeça parecida com a deste senhor, ou seja, alargada na parte anterior.
Cresceu fazendo peraltices como qualquer criança de família humilde, como, por exemplo, amarrando os pés dos galináceos que meu pai criava e também dos felinos.
Começou a trabalhar logo cedo em escritórios de contabilidade, sendo contador da Lajeado, do Lourenço Joalheiro, Curtume Leão, e outras mais, sendo considerado um dos melhores contadores de Penápolis.
Cursou três faculdades com recursos próprios: contabilidade, ciências contábeis e administração, tendo feito também pós graduação. Foi aprovado em concuro público para a fiscalização da secretaria da fazenda do Estado de São Paulo, e, após atuação nas fronteiras, foi chefe do Posto Fiscal da cidade de Promissão.
Era amante da natureza, se especializando em ortonitologia, conhecia como poucos a vida dos passáros.
A sua sensibilidade artística sempre esteve presente em sua vida: aprendeu a tocar violão de improviso, gostava de cantar na noite e fazer vídeos de suas cantorias.
Poeta por excelência, possuía mais de 1000 poesias e poemas, que o levou a lançar dois livros de poesias. Neste último livro, lançado recentemente, fez questão de me homenagear com uma poesia, cujo título é “AH JOSÉ”, em reconhecimento à grande amizade fraterna que nos entrelaçava.
Na última sexta-feira, após estar em tratamento de uma dengue, teve um mal súbito (infarto fulminante) e veio a falecer, deixando um rastro imenso de tristeza, saudades e de amor.
Vá com Deus meu estimado mano poeta trovador (assim eu o denominava), para o Reino da Glória, vai brilhar nos céus deste Universo, tocar seu violão e cantar suas músicas preferidas juntamente com os anjos, arcanjos, querubins e serafins, aumentando a paz que tanto almejava e o brilho das estrelas deste nosso imenso reino de Deus.
Nota da redação: No próximo domingo publicaremos a poesia “AH JOSÉ”, do saudoso Délcio Araújo do Valle. Sentimentos aos familiares.
José Maria do Valle, Penápolis/SP, por e-mail
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