14/08/2018

HISTÓRIAS DA VIDA 
Recordo-me da minha infância nos idos da década de 1940 quando morávamos no Bairro Araponga (Penápolis) e vivíamos na roça onde o bairro todo era coberto de cafezais, exceto as várzeas que eram utilizadas para plantio de pastagem ou lavouras de arrozal. Não podemos negar que as dificuldades da época eram muitas, visto que os meios de comunicação existentes eram limitados, o telefone como exemplo só havia na residência do Sr. Aurélio Ranieri, porém para a maioria das pessoas aquele telefone não tinha utilidade, visto que aqueles parentes pelo qual nos desejava-nos nos comunicar não possuia telefone. O meio de transporte também era muito limitado, pois naquela época só havia na redondeza um veículo “Pé de Bode” de propriedade do Sr. Jerônimo Ranieri, e só nos anos de 1950 que a família Cortês adquiriu um lindo caminhão. Naquela época no bairro não existia geladeira e só era possível tomar uma água mais fresquinha retirada de uma cisterna (poço) e colocada num pote de barro (talha). Para passar roupas se fazia necessário colocar brasas no ferro de passar, porém um pequeno descuido havia probabilidades de cair uma “brasinha” na peça que estava sendo passada e deixá-la marcada para sempre. Não querendo ser saudosista, fico imaginando as dificuldades que viviam, principalmente aquele povo da roça. Vendo na atualidade o que o mundo moderno nos trouxe desde telefones celulares, TV HD, ferro de passar automático, carros moderníssimos com GPS e tantas coisas que vieram para o nosso conforto, porém como nem tudo na vida é perfeito, muitos se utilizam de celular para arruinar a vida do próximo. Hoje grande parte das residências são cercadas de cerca elétrica, andar nas ruas após às 22 horas transformou-se em risco de vida. Acredito que com toda modernidade que existe na atualidade e viver na dificuldade que eu vivia no passado, preferia mil vezes a vida do passado pois jamais trocaria o cheiro do mato pelo cheiro dos tapetes modernos.

Virgílio Melhado Passoni, Jandaia do Sul/PR, por e-mail