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CARTA DO LEITOR

21/06/2018

TRIBUTO A UM GRANDE GOLEADOR 

O dia 14/06/2018 mal começou o seu expediente comercial, e a notícia de cunho sombrio e melancólico espalhava-se pelas redes sociais e conversas de tons baixos e silenciosos de amigos e conhecidos, pois, mais um penapolense deixava de existir entre os vivos, ultrapassando as barreiras do palpável e real para o invisível e desconhecido mundo do além. Nosso amigo GENÉSIO BUZEMBAI, de grandes encontros, fora morar na casa do Senhor entre os anjos, arcanjos, querubins e serafins, que possivelmente ouvirão as mais variadas narrações dos gols de cabeça do baixinho arrebatador de retrancas, deixando o dia mais triste. Genésio Buzembai, conhecido de longas datas, uma figura ímpar, que passou por esta dimensão e deixou a marca de uma pessoa muito especial, militando a vida social da cidade de Penápolis com muito amor, chegando a ser um vereador, exercia a profissão de viajante de produtos farmacêuticos, amante do futebol e palmeirense por excelência, um dos mais folclóricos participantes do futebol sênior, que aos sábados à tarde participando com outros viajantes e mais amigos, de peladas futebolística, onde havia uma integração sadia e evidentemente brincadeiras à parte, ele dizia que havia marcado mais gols do que Pelé, que na sua contagem passava de 1.500 e por incrível que parecia, aquele baixinho  falastrão, mostrando uma obesidade aparente, a bola até que sobrava pra ele e marcava os seus gols para sua inteira alegria ainda mais se os gols fossem feitos de cabeça, esnobava suas habilidades. Não faz muito tempo ele já octogenário, nos encontramos na Dimac - empresa dos irmãos Coutinho - e entre uma conversa e outra,  falando de futebol, ele no entusiasmo falava pra mim: “Zé Maria, cruza uma bola pra mim, que vou mostrar pro Moacir como se faz um gol de cabeça”, eu fingia que chutava uma imaginária bola e ele subia mais ou menos 1 centímetro do chão e golpeava com movimento da cabeça e falava, “tá vendo é assim que marquei mais gols que o Pelé”. E nós riamos muito. Entre as diversas brincadeiras feitas com ele, diziam que na primeira viagem que teria que ir a São Paulo, mas ele nunca tinha adentrado a grande metrópole paulistana, seus amigos mais experientes deram uma dica, ir atrás do ônibus da Reunidas e ele acabou entrando na movimentada e antiga Rodoviária de São Paulo, porém, tudo não passava de brincadeiras em virtude do seu jeito espontâneo de defender seus conceitos de vida. Então tudo neste mundo tem um começo um meio e um fim, e Genésio passou pra outra dimensão, e creio que lá nos campos da eternidade justificará o real sono dos justos com gols de placa da decência, da honestidade, do altruísmo e principalmente do caráter de um homem digno de ser considerado um exemplo de vida na sua passagem por este planeta. Vá em paz meu caro Genésio, chegará o dia em que nos encontraremos novamente, assim eu terei a oportunidade de cruzar uma bola para o seu infalível oportunismo marcando seus gols de placa.

José Maria do Valle, Penápolis/SP, por e-mail

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