06/01/2017

O poder (i)legal

Somos duplamente reféns!
Primeiro somos reféns de um sistema político-governamental. Sistema esse, cujos administradores não conseguem fazê-lo com lisura, transparência e honestidade. A cada dia somos bombardeados com notícias de corrupção, desvios de dinheiro público, negociatas, conluios etc. E o cidadão, amordaçado com “pão e circo”, jamais consegue deixar de ser refém.
Por último somos reféns do crime organizado, que disputa poder e espaço, mesmo de dentro dos presídios. O sistema prisional carcomido e retrógado não pune e nem tão pouco recupera, gera mais delinquência.
Aqui vale o “se correr o bicho pega; se ficar o bicho come”. Assaltados duas vezes não sabemos a quem recorrer, vivemos o “salve-se quem puder”. Precisamos nos organizar e fazer valer o poder que é nosso: o voto! E só conseguiremos com união, engajamento e renovação nas escolhas de quem legisla, administra. Enquanto continuarmos como baratas fugindo do chinelo seremos duplamente reféns.
As agremiações político-partidárias e seus membros, bem como muitas outras instituições, estão disfarçadas. São, na verdade, “lobos em pele de cordeiros”.
O que mais queremos sentir, ver, assistir? Quando cruzamos os braços e nada fazemos, tornamo-nos cúmplices de todas as barbáries que a corrupção e a demagogia promovem em nome do bem comum. “Tudo isso acontecendo e eu aqui na praça dando milho aos pombos”, pois, enquanto for com os “outros” será mais fácil seguir para o calabouço.
Com a posse de milhares de prefeitos por todo o país o que se constata é que os municípios estão quebrados. Por que será? Não se vê investimentos em nenhuma área, como educação, transporte, segurança, saneamento básico, geração de emprego e renda; não deixamos de pagar impostos, diga-se de passagem, uma carga muito pesada. Então, “onde está o dinheiro?” de Estados e Municípios? Será que o cidadão não está pagando seus impostos?
Diante de tudo, o que nos resta é a perplexidade, pois, ninguém pegou o dinheiro. Será que foi o “gato comeu... e ninguém viu?” Chego a ter pena do inferno, pois ficará vazio! Sim, porque aqui neste mundo não se fará justiça, ninguém será punido, dinheiro nenhum será devolvido.
E assim segue-se a rotina. Cada poder tentando mostrar o seu arsenal e não sabemos qual é o legal e o ilegal. E povo? O povo continua refém!

Por Joaquim Trindade - Padre e pároco da Paróquia de São José Operário, no bairro Cidade Jardim, em Penápolis