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CARTA DO LEITOR

06/03/2016

HISTÓRIAS DA VIDA
Embora para muitos que lerem  meus poemas me denominem saudosista; não há como não escrever algo que esteja ligado a bela infância que vivi no meu Bairro Araponga. Naquelas manhãs de outono os colibris com suas asas verdejantes carinhosamente beijavam as flores do meu pé de jabuticabeira. Nas forquilhas  dos galhos os pássaros aproveitavam para construírem seus ninhos- e não muito distante era possível observar no calho da paineira florida a casinha que o joão de barro construirá com tanto carinho. No cair da tarde milhares de andorinhas se dirigiam para a moita de bambuzal lugar escolhido para elas pernoitarem. Quando no horizonte surgiam reflexos que o rei sol estava a caminho, era possível ouvir-se bezerros berrando e nos grotões distante cachorros que latiam - e sapos que coaxavam nas lagoas cobertas de relvas.Passaram se os dias os meses e as décadas e minha Araponga jamais eu pode rever. Através de amigos que frequentam o Bairro sempre eles me dizem que o cenário está muito mudado. No lugar dos verdes cafezais floridos hoje são vistos roxos pendoes dos canaviais que cobrem grande parte da região. No lugar do azul das andorinhas que enfeitavam as tardes hoje é possível serem vistos fumaça cinzenta de agrotóxico pulverizando as lavouras. Rogo que aquelas águas cristalinas do córrego Arapongas não tenha se contaminado com a vinhaça extraída dos resíduos das usinas de cana de açúcar e nem o excesso de veneno tenha proibido as lindas borboletas de pousarem nos jardins. Embora é sabido que as circunstâncias obrigaram que houvesse muitas alterações no mundo creio que se não houvesse tanto egoismo hoje poderíamos estar vivendo num  mundo melhor  e quem sabe num mundo sem o mosquito da dengue.

Virgílio Melhado Passoni - Jandaia do Sul/PR, por e-mail

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