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CARTA DO LEITOR

17/01/2016

ILUSÓRIA SAUDADE?

FOOOMMM... FOOOMMMM... FOOOMMM, o apito estridente e ensurdecedor, adverte que o trem de ferro está aproximando das cancelas das principais ruas centrais da cidade, o comboio de muitos vagões são puxados por máquinas, hoje movidas por óleo diesel, já desgastadas em suas pinturas pela ação do tempo e nas múltiplas vezes que transitam  pelos trilhos de ferro, num vai e vem, levando e trazendo mercadorias de muitas toneladas, angariando polpudos recursos para os bolsos de seus investidores. É bem verdade que nos vagões, em suas laterais trazem frases motivacionais alertando que fumar faz mal para a saúde, que conservar a natureza é de vital importância e etc. Tudo isto, em síntese, realça a  modernidade dos dias atuais, mas nada se compara aos tempos antigos quando a famosa Maria Fumaça, transitava com seus vagões passageiros e as estações nos horários de embarque e desembarque ficavam apinhadas de pessoas que usavam este meio de transporte  para as suas viagens de negócio e recreios. Olhando esta composição férrea começo a imaginar o inicio desta ferrovia, tão disputada pelos políticos do inicio do século 20 e tão  labutada por Manoel Bento da Cruz, um carioca de nascimento, formado em direito que aportando por esta região foi o responsável por várias benfeitorias, mormente nesta terra de  Maria Chica, conforme os "Apontamentos Biográficos do Cel. Manoel Bento da Cruz" no livro escrito por Orentino Martins no ano de 1968 e ao mesmo foi imputado o assentamento  dos primeiros marcos da civilização nesta cidade, bem como edificação do prédio da Cadeia Pública, abriu a estrada de rodagem que liga Penápolis a Avanhandava, criou a agência do Correios e Coletoria Estadual, participou ativamente da Santa Casa de Penápolis e foi o primeiro provedor, e com suas influências políticas conseguiu escolas rurais e o prédio do  Grupo Escolar Luiz Chrysóstomo de Oliveira, e além de formação de fazendas de café,   pasmem com recursos próprios fez a primeira estação ferroviária de Penápolis que em sua inauguração, houve uma festa onde estavam eminentes políticos e autoridades do estado vindos de Bauru para cá em uma composição férrea e que foram saudados pela eloquência das falas deste emérito causídico. "As datas e os fatos fazem o esqueleto da história" conforme escreveu o prefácio deste livro, um dos expoentes políticos desta cidade o Dr. Ênio Soliani  "in memoriam" e complementou, que o autor, demonstrava acentuado pendor pelos homens  e pelas coisas do passado que fizeram a história de Penápolis, se bem vemos a estrada de ferro foi indubitavelmente um marco no desenvolvimento desta região, e o avanço de seus trilhos fizeram muitas vítimas em lutas com os índios Caigangues, e por aqui passaram através da mesma estadistas expressivos de nossa política estadual como os governadores Adhemar de Barros, Jânio Quadros, Carvalho Pinto que aportando na estação NOB - Noroeste do Brasil eram carregados nos ombros por correligionários e simpatizantes. Que também o comboio  vindo de Campo Grande e Três Lagoas, levando os batalhões de soldados expedicionários que iriam para a Itália, lutar pela liberdade dos povos contra o regime nazista de Hitler e o fascismo de Mussolini e vários penapolenses estavam entre eles como Diogo Garcia Martins que na passagem pela estação repleta de parentes para os devidos acenos de despedidas viu pela última vez os seus pais, avós, tios e demais parentes e amigos. Ainda está latente em  minha mente a primeira  viagem de trem passageiro que fiz em minha vida, eu com meus 14 anos, fui a cidade de Lins para fazer exames médicos de radiografia dos pulmões, pois, minha mãe houvera acometida de tuberculose e Penápolis não tinha aparelhagem para tanto, fui de  segunda classe, pois o dinheiro era pouco, tão somente dava para ir e voltar, mas a viagem foi cheia de alegria e novidades, com o vento entrando pela janela roçava minha tez trazendo um  frescor que  misturava com a imagem campestre que meus olhos conseguiam distinguir, pois, embora a velocidade não era tão grande elas passavam pela janela com uma certa brevidade. E hoje, aqui diante da estação ferroviária o que observamos, um prédio abandonado, sujo, de vidraças quebradas pela ação de vândalos, com uma pichação de requintes de puro mau gosto e desleixo mistura-se aos letreiros de uma empresa que por ali atuou e que não teve nem a decência de deixar as paredes de quando as pegou. A abertura onde ficava as bilheterias não existe, e do lado interno, a plataforma de embarque e desembarque hoje é ocupada por pessoas que não tendo onde morar fixam-se apoderando do que não lhes pertence. E os trilhos cheios de mato, de sujeira, lugares propícios para o proliferação de pragas, como mosquitos Aede Aegypts, escorpiões, ratos e quiçá cobras venenosas. E então, Sr. Prefeito,  senhores vereadores, senhor secretário da cultura, não estaria na hora de envidar esforços para transformar aquele local em PATRIMÔNIO PÚBLICO MUNICIPAL, e ter-se uma casa de cultura? Talvez um museu? Um local de distração para todos os penapolenses, onde poder-se-ia apresentar artistas amadores de nossa cidade como músicos, pintores, escultores e etc... já que a cidade é conhecida como que a que difunde a arte? E quem sabe no futuro uma locomotiva com 3 o 4 vagões para passeios de Penápolis a cidades circunvizinhas e auferindo rendas como tem por exemplo na serra gaucha? Será que isto é um sonho impossível? Se não apressarem, podemos até prever, que os olhos de empresários do setor imobiliário devem estar voltados para transformar aquele local em box ou cubículos para arrendamento comercial, como hoje é por exemplo o camelômetro, ou mesmo os chineses que tudo compram neste país e nem sei se pagam impostos devidos a contento, transformar em um shopping de quinquilharias, aí então a nossa história e as nossas saudades, os esforços de Manoel Bento da Cruz em criar esta estação de trens desaparecerão como a fumaça expelidas pela locomotiva da época a não mais famosa MARIA FUMAÇA e que evaporarão nos céus da nossa princesa da noroeste, deixando um rastro enorme de indecisões e um vazio imenso de lembranças e de tristeza.

José Maria do Valle, Penápolis/SP, por e-mail

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