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CARTA DO LEITOR

05/11/2015

Caríssimo amigo e conterrâneo...

Hoje 05 de novembro de 2015 está sendo lembrado a tua passagem de década, você teve a permissão divina  portanto a  glória de ser um septuagenário. Lá nos idos 1945 o Bairro  do  Araponga  neste  nosso  município  de Penápolis teve a honra de ouvir e ver o teu despertar para a luz e ser a alegria de teus pais. A data magna do teu aniversário indubitavelmente é toda tua e de teus familiares, mas a admiração, se me permite, é toda nossa,  pois, uma pessoa que, como você mesmo descreve, nascendo na zona rural, trabalhando nos serviços braçais desta zona rural, em um dia de tua vida teve uma decisão histórica enraizada por uma crença inabalável e acreditada por pessoas que te acompanhavam, tua esposa com pouquíssimo conhecimento da vida e teus três filhos menores de idade, com destino para a selva de pedras - São Paulo, onde ninguém é de ninguém, onde poucos vencem e milhares definham e esmorecem  pelo caminho, então a tua responsabilidade era muito grande, e você venceu. A tua história de vida é muito bonita, como tantas outras de pessoas deste nosso país, por isso tem que ser contada, tanto em linhas retilíneas ou tortas, com palavras ou com escritas, em versos, prosas ou cantos, para que todos vejam e sintam que o poder da fé em Deus e em suas convicções são sem dúvidas  as armas para derrotar as adversidades que a vida impõe. Lembro-me da primeira poesia que li neste jornal Diário de Penápolis, onde falava de tua imensa saudades pela terra que te viu nascer o Bairro do Araponga, dos campos molhados de orvalho e seus trilhos feitos pelas patas de animais, do cantar do galo no terreiro nas madrugadas ao mugir dos bovinos no curral, das águas do riacho piscoso, do nascer do sol ao clarão da lua que iluminavam os dias e as noites daquele lugar, das floradas perfumadas dos cafezais, dos cantos dos nhambus, juritis e  perdizes nas palhadas de milho, do teu confidente pé de jabuticabas onde saboreava seus frutos e engenhava o teu futuro e também das festas, quermesses, missas feitas na capela que presenciou o teu batismo e tua primeira comunhão. Tive então meu caro conterrâneo a curiosidade de escrever um alerta e dizer que estas delicias que envolveram o teu ser e até hoje inspiram a a tua alma para fazer os teus versos e tuas crônicas, ficaram para traz, nos idos anos  da tua o juventude, pois, aquela paisagem campestre  das  pastagens e das lavouras de café o tempo encarregou-se de que vento soprasse para bem longe  no passado  e trouxesse um novo cenário onde a cultura da cana-de-açúcar tomara conta e que toda  aquela beleza  não  existisse como era, que as águas límpidas do riacho, poderiam estar contaminadas pelos agrotóxicos, que o piar da juritis, do nhambu e das perdizes haviam desaparecidos e em seu lugar  quando nas queimadas  apenas o agressivo piar dos gaviões cará-cará a procura de carcaças queimadas de animais que na  noite escondiam  para  abrigarem-se  do  frio  e dos homens, e durante todo o dia  o cantar melancólico do Anum Branco cujo piar entoado dá-se a impressão de cantos fúnebres em memoriam àqueles que não conseguiram escapar do fogo. E assim através destes contatos fizemos uma grande amizade, que posso te garantir que apesar de não nos conhecermos pessoalmente, apenas pelas páginas sociais, a minha admiração é muito grande a ponto de sentir-te um irmão de fé que comunga dos mesmos princípios morais e intelectuais e que também como saudosista rememoro o meu passado lendo os tuas escritas das quais respeito, aprecio e compartilho. Deixo aqui nesta data não apenas um parabéns pra você, ou um pedaço de bolo, um presente material, deixo-te um forte abraço, votos de muita saúde, de muita paz em sua vida, de muita harmonia nos dias vindouros e principalmente  de muita luz em seu caminho.

José Maria do Valle, Penápolis/SP

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