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15/02/2025

O Livro de Enoque

Imagem/Arquivo Pessoal
Detalhes Notícia

O livro de Enoque (ou Enoch) é assunto polêmico na teologia. Segundo a história, existem 03 livros de Enoque, mas o mais conhecido e utilizado é o “Livro de Enoque Etíope”. Enoque é considerado pela Bíblia como sendo o pai de Matusalém, personagem bíblico que viveu 969 anos, e bisavô de Noé, o construtor da “Arca da Salvação”. O livro em questão é composto de mais de cem capítulos, mas pode ser dividido em temas sobre: “Os Vigilantes”; “As Parábolas”; “Os Luminares”; “Sonhos” e “Epístola de Enoque”. Na parte dos “Vigilantes”, em síntese, consta que anjos desceram à terra e tiveram filhos com mulheres mortais, nascendo filhos gigantes, que comiam animais, plantas e humanos. Nesse período esses anjos ensinaram aos humanos magia, astrologia e outros conhecimentos usados para o mal. Deus, por sua vez, enviou Sariel, Rafael, Miguel e Gabriel, anjos do bem, para combater esses “Anjos Caídos” (do mal). Segundo Enoque, cada um desses anjos de Deus tinha uma missão específica nessa luta do bem contra o mal.  O primeiro foi Miguel, o misericordioso e paciente; o segundo foi Rafael, o que preside sobre todo o sofrimento e aflição dos filhos dos homens; o terceiro foi Gabriel, que preside sobre tudo o que é poderoso; o quarto foi Fanuel, que preside sobre o arrependimento e a esperança daqueles que herdarão a vida eterna. Na parte das “Parábolas”, em síntese, trata-se da efetiva batalha entre o “Bem” e o “Mal”, e o “Juízo Final”, com Deus de um lado e Azazel (ente líder do mal) do outro. Enoque é considerado como o “justo, eleito e o filho do homem”, enquanto Deus é chamado de “Cabeça dos Dias”. A parte dos “Luminares” trata, em resumo, de questões relacionadas ao funcionamento do Cosmos, astros e do uso de calendário solar, importante para definir festas ou datas religiosas, como a Páscoa. Na parte dos “Sonhos”, constam, em síntese, previsões de Enoque sobre o futuro, como o Dilúvio e o Juízo Final (similar ao Apocalipse de São João, do Novo Testamento). Por fim, no livro existe a “Epístola de Enoque” que contém instruções de ordem moral, religiosa e de paz aos sucessores de Enoque e futuras gerações, enfatizando-se a importância da Justiça e alerta sobre o “Juízo Final”. Chama à atenção que o livro de Enoque (Etíope) não faz parte do Antigo ou do Novo Testamento; há quem sustente que no século IV D.C, o Imperador Constantino teria excluído o livro original de Enoque da antiga Bíblia Judaica. Enoque é considerado por muitos teólogos como o homem que “andou com Deus” e foi arrebatado aos céus ainda vivo, algo inusitado. Na Bíblia, em Gênesis, “Antigo Testamento”, capítulo 5, está registrado: “Enoch andou com Deus, e depois de ter gerado a Matusalém, viveu trezentos anos e gerou filhos e filhas. E todo o tempo de vida de Enoch foi de trezentos e sessenta e cinco anos. E ele andou com Deus, e não apareceu mais; porque o Senhor o levou” (versículos 21 a 24). No “Novo Testamento” também há referência à existência de Enoque, na Epístola de São Judas aos Apóstolos: “Também Enoch, que foi o sétimo depois de Adão, profetizou ainda destes, dizendo: Eis aqui veio o Senhor entre milhares dos seus santos” (capítulo 14). Assim, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento confirmam a existência de Enoque e da relação íntima dele com Deus. O livro de Enoque, segundo historiadores, na época de Jesus, era como um Bestseller. A “Divina Comédia” de Dante Alighieri, livro que relata a viagem de Dante ao Inferno, ao Purgatório e ao Paraiso, lembra parte da narrativa do livro de Enoque. Na Igreja Ortodoxa da Etiópia e na Comunidade Beta Israel o Livro de Enoque (Etíope) é considerado um livro sagrado. Este foi objeto de análise e contestação por Santo Agostinho, no seu livro “A cidade de Deus” (The City of God by Saint Augustine, em The Modern Library – New York; Random House, 1950), no século IV d.C, que fundamentou: “Não podemos negar que Enoque, o sétimo a partir de Adão, deixou algumas escrituras divinas, como é afirmado pelo apóstolo Judas em sua Epístola Canônica. A antiguidade dessas escrituras as colocou sob suspeita, e era impossível verificar se eram escritos genuínos de Enoque. Esses escritos não foram apresentados como genuínos por aqueles que cuidadosamente preservaram os livros canônicos por transmissão sucessiva. Portanto, os escritos que são atribuídos a ele e que contém essas fábulas sobre os gigantes, afirmando que seus pais não eram humanos, são corretamente considerados por pessoas prudentes como não genuínos”. Com essa contestação de Santo Agostinho, o livro de Enoque foi perdendo importância sob a ótica do Cristianismo ou mesmo do Judaísmo. Enfim, o Antigo e o Novo Testamento reconhecem Enoque como sendo o homem que “andava com Deus” e foi arrebatado por ele (ainda vivo, em princípio, já que não há referência à sua morte). Não se nega, portanto, que Enoque foi, ao menos, um importante profeta. Seu livro, porém, não faz parte da Bíblia, por ser considerado apócrifo. Enoque, de qualquer modo, foi uma pessoa importante sob o aspecto histórico, religioso e teológico. 

 

(*) Adelmo Pinho é promotor de Justiça do Tribunal do Júri em Araçatuba/SP. Este articulista escreve periodicamente para o jornal DIÁRIO DE PENÁPOLIS. E-mail: adelmopinho@terra.com.br

Adelmo Pinho (*)



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