
CADERNOS


VÍDEOS

CLIMA
fale com o DIÁRIO

+55 (18) 3652.4593


Assuntos gerais: info@diariodepenapolis.com.br
ARTIGOS
14/02/2025
Isenção para PCD: nova regra pode ser inconstitucional e criar precedente perigoso
A recente Lei Complementar (LC) 214/25, que restringe a isenção de impostos para a compra de veículos por pessoas com deficiência (PcDs), está sendo questionada por possíveis violações a princípios constitucionais e pode abrir caminho para a retirada de outros benefícios fiscais essenciais. Especialista apontam que a medida fere o princípio da seletividade tributária, ignora a capacidade contributiva desse grupo e pode ter impactos profundos na inclusão social.
De acordo com Marcelo Costa Censoni Filho, sócio do Censoni Advogados Associados, especialista em Direito Tributário e CEO do Censoni Tecnologia Fiscal e Tributária, os artigos 149 e 150 da LC 214/25 podem ser considerados inconstitucionais ao restringirem isenções tributárias historicamente garantidas a PcDs. “Essas isenções foram criadas para assegurar o acesso a bens essenciais, como veículos adaptados, medicamentos e equipamentos de mobilidade, que são fundamentais para a qualidade de vida e a inclusão social dessas pessoas”, explica o tributarista.
Ao eliminar ou reduzir esses benefícios, a legislação pode estar violando o princípio da seletividade tributária, que determina que bens essenciais sejam menos tributados. “Ao tratar produtos indispensáveis às PcDs como se fossem supérfluos, a norma desconsidera a proteção constitucional a grupos vulneráveis e impõe um obstáculo financeiro injustificável”, ressalta Censoni Filho.
Outro ponto de preocupação é a exclusão de determinadas deficiências das isenções de IPI e ICMS para veículos. Para Censoni Filho, essa medida desconsidera a realidade econômica das PcDs, que já enfrentam altos custos com tratamentos, medicamentos e adaptações. “Veículos adaptados não são um luxo, mas sim uma necessidade para a mobilidade e independência dessas pessoas. Ao tributar esses bens, estamos penalizando um grupo que já possui despesas significativas e comprometendo sua autonomia”, destaca.
O especialista exemplifica com um caso comum: uma pessoa com deficiência física que precisa de um carro adaptado para se locomover. Com a restrição da isenção, o preço do veículo pode se tornar proibitivo, limitando sua capacidade de trabalho, estudo e vida social. “Na prática, essa legislação pode resultar na exclusão social de milhares de PcDs, ao dificultar o acesso a um meio essencial de mobilidade”, alerta Censoni Filho.
O impacto da LC 214/25 pode ir além da questão veicular. Segundo Censoni Filho, a restrição de isenções para PcDs pode criar um precedente perigoso, levando o governo a revisar outros benefícios fiscais, como aqueles concedidos a medicamentos, próteses e cadeiras de rodas. “A pressão por aumento de arrecadação pode levar à retirada de benefícios essenciais, tornando o acesso a itens médicos e de assistência mais oneroso e impactando diretamente a qualidade de vida dessas pessoas”, explica.
O tributarista enfatiza que a legislação tributária deve respeitar os princípios de justiça fiscal e proteção dos mais vulneráveis. “A revisão de benefícios fiscais precisa ser feita com transparência e com a participação da sociedade, garantindo que as decisões não prejudiquem grupos já fragilizados”, conclui.
A discussão sobre a constitucionalidade da LC 214/25 deve ganhar força nos tribunais, e o Supremo Tribunal Federal (STF) será chamado a se posicionar sobre o tema. Enquanto isso, entidades representativas e especialistas alertam para os riscos da nova norma e defendem a manutenção das isenções como forma de garantir a dignidade e a inclusão social das PcDs.
(*) Marcelo Costa Censoni Filho, sócio do Censoni Advogados Associados, especialista em Direito Tributário e CEO do Censoni Tecnologia Fiscal e Tributária
Marcelo Costa Censoni Filho (*)
- Folia aliada à sustentabilidade: um carnaval consciente começa pela reciclagem
- Como construir um Brasil grande
- Procurando entender a saúde financeira da União
- Música Sertaneja: As Gaivotas
- A verdade como pilar da justiça: os riscos da litigância de má-fé
- O Brasil continua sendo o paraíso dos banqueiros
- Música Sertaneja: Brinquinho e Brioso
- Danos morais no descumprimento contratual - limites e possibilidades
- Responsabilização penal de autoridades por mortes em áreas de risco
- A Lei Orçamentária Federal e as emendas parlamentares
- Música Sertaneja: Vieira e Vieirinha
- Justiça autoriza registro de criança com três pais e uma mãe no Espírito Santo
Imagens da semana
© Copyright 2025 - A.L. DE ALMEIDA EDITORA O JORNAL. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total do material contido nesse site.