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01/02/2025
Vassalagem à Brasileira
Não sou (nem estou) de “direita” ou de “esquerda”, e nem mesmo compartilho ideias, ou promovo atos políticos partidários e ideológicos. Preocupo-me, no entanto, com o futuro do Brasil e da humanidade. Guerras, danos ao meio ambiente, desigualdade social, declínio da ética (corrupção pública e privada) e outros problemas macros levam-me a essa reflexão. A “Era Trump”, recém-inaugurada, causa insegurança ao Brasil e ao mundo. As ações e intenções – programa de governo - do atual Presidente dos EUA deixam o mundo em alerta: anexação de territórios independentes; deportação humilhante de imigrantes; saída do “Acordo Climático de Paris”; barreiras e taxações comerciais abusivas etc. O Decreto de retirada dos EUA do “Acordo de Paris”, que já se efetivou, por si, demonstra que Trump não se preocupa com o futuro da humanidade. Com relação ao Brasil, o líder norte-americano verbalizou que não tem importância para os EUA. O que mais preocupa em Trump é o seu perfil ultranacionalista, ou seja, um fervor patriótico extremo e o desejo de supremacia nacional em detrimento de outras nações. Pelo “andar da carruagem”, ultranacionalismo e imperialismo serão políticas a serem implementadas por Trump. Pois bem. A história registra exemplos de governantes que chegaram ao poder de forma legítima, mas se tornaram déspotas sanguinários, como Hitler e Mussolini, fascistas. O Fascismo é uma espécie de ditadura. A obra “O Fascismo Eterno” de Humberto Eco ensina muito sobre o assunto. Para o fascismo a liberdade é nociva. Eco elencou características dessa ideologia: restrição às liberdades; culto à tradição e recusa à modernidade; contrariedade à valorização do ser humano e das liberdades individuais (Iluminismo); irracionalismo – pensar para fascistas era uma forma de violação do homem e a reflexão era dispensável; a cultura e as universidades são consideradas inimigas. A obra “1984”, de George Orwell, é também esclarecedora sobre o tema. O conservadorismo empírico é um fenômeno moderno que surgiu para contrastar às mudanças da Reforma Protestante e do Iluminismo. Basicamente, conservadores visam preservar a estabilidade e a continuidade das instituições, religiões, regimes políticos e os direitos de propriedade. Fascista, porém, não é sinônimo de conservador. Fascistas não surgem com uma certidão na testa, declarando sê-lo: eles se tornam! São as ações que aos poucos os revelam, cabendo ao cidadão pensante perceber. Aí que “mora o perigo”! O “culto” que alguns políticos brasileiros fazem a Trump macula a imagem do Brasil: é um misto de servilismo com bajulismo; eles brigam por qualquer aceno do presidente dos EUA, porque um gesto dele representa “poder”! A grande mídia, por sua vez, só se ocupa a falar de Trump, quando poderia contribuir com assuntos locais importantes, como o combate à fome e a desigualdade social. A situação é, portanto, paradoxal: enquanto Trump menospreza publicamente o Brasil, certos políticos, cidadãos e até parte da imprensa o tratam como um Deus. Trump, na sua arrogância peculiar, aliado a alguns bilionários da tecnologia, talvez pretenda se tornar o marco divisor de nossa era, dividindo-a em “a.T” e “d.T”. Sabemos que os problemas do mundo contemporâneo não se restringem à forma de governar e as ideologias de Trump; temos “Putins”, “Maduros” etc. E a história humana é descontínua, como afirmou, sabiamente, Michel Foucault. O problema é que, em termos de relação comercial, os EUA são o nosso principal parceiro, tornando a situação ainda mais preocupante. O melhor caminho, assim, é a diplomacia. Porém, a soberania nacional, o respeito ao Brasil e ao povo brasileiro constituem valores e princípios irrenunciáveis. O cidadão brasileiro deve ser tratado da mesma forma que o norte-americano (reciprocidade). Se o brasileiro, por exemplo, precisa ter visto para ingressar nos EUA, o norte-americano também necessita dele para entrar no Brasil, e assim por diante ... Cada nação é soberana! A boa relação diplomática entre Brasil e EUA é fundamental. Todavia, boa relação não significa subordinação ou subserviência. O Brasil não é e nunca foi colônia norte-americana; o brasileiro, por sua vez, não é vassalo de Trump. Senão, ficará valendo aquele velho ditado popular: “Quem se abaixa demais, mostra o traseiro”.
(*) Adelmo Pinho é promotor de Justiça do Tribunal do Júri em Araçatuba/SP. Este articulista escreve periodicamente para o jornal DIÁRIO DE PENÁPOLIS. E-mail: adelmopinho@terra.com.br
Adelmo Pinho (*)
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