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24/07/2024
Em poucos dias, muitas desgraças
Corajosos brasileiros, na década de setenta, alertaram seus patrícios de que a realidade do país não era a eterna maravilha. A exuberância dos recursos naturais estava ameaçada pelo aquecimento global. Pelo desmatamento, pelo desaparecimento da água, pela poluição generalizada.
Ouvidos moucos, acusação de catastrofismo, folclorização dos ecologistas, tudo se fez para não levar em consideração os avisos. A coisa foi piorando. Até chegar ao estado de emergência climática em que nos encontramos.
O que mais será necessário acontecer?
Além do desmatamento na Amazônia e em todos os biomas, os mangues da costa norte do Brasil, do Amapá até o Maranhão, constituem um ecossistema rico e biodiverso. Mas a pesca predatória e a exploração humana os condenam à extinção. A pesca de arrasto do camarão põe em risco a subsistência dos que a exploram. Mais da metade da provável quantidade já desapareceu, assim como desaparece a diversidade antes constatada.
Simultaneamente, verifica-se o branqueamento dos corais. Sinal de enfermidade grave. Esta, devido à poluição dos oceanos. Tudo começa e termina em ausência de educação ambiental. Na verdade, falta aquela educação de berço, de base, que deveria existir em cada casa. Não jogar nada na rua. Menos ainda, nos córregos, nos rios e no mar. Pois tudo chega aos oceanos. E estes já estão se tornando mais ácidos, menos indicados para o banho de mar e, por força do derretimento das calotas polares, vão ter seu nível rapidamente aumentado.
São notícias recentíssimas, que coincidem com aquela de que os resíduos sólidos representam cerca de dez por cento das emissões dos gases causadores do efeito estufa. Enquanto nos berços civilizatórios o chamado “lixo” é comprado pelas empresas que darão destino útil a insumos de valor, aqui é o munícipe que tem de pagar bilhões pela varrição das ruas e pela coleta do desperdício produzido pela falta absoluta de educação de praticamente toda a população.
Tudo isso evidencia que o bicho-homem ainda não aprendeu a viver em sociedade e, menos ainda, a respeitar a natureza, a única aliada com que pode contar para que sua permanência neste planeta possa ter continuidade.
(*) José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
José Renato Nalini (*)
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