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ARTIGOS

25/10/2023

Histórias de amor embalaram e embalam a História de Penápolis

A grande maioria de nós, seres humanos, estamos nesse mundo porque houve uma grande história de amor entre nossos pais. Um tema pouco explorado, com certo tabu, entre memorialistas e historiadores. Em tese, as memórias e as histórias tentam retratar feitos heroicos de homens brancos. São poucas mulheres que figuram como heroínas, como é o caso de Penápolis, com a presença de Maria Francisca do Carmo, nossa eterna Maria Chica. Porém, quais fatores inspiraram homens e mulheres em seus “feitos heroicos”. As histórias de amor certamente ganham pouco revelo e, certamente, são, de fato, aquelas que embalaram e motivaram a construção de nossa cidade. Meu avô materno, João José de Souza (Totô) era apaixonado por minha avó Maria Jesuína de Souza (Biloia), também apaixonada, e foi essa grande paixão que motivou o casal sair do Sul da Bahia e embarcar no Noroeste Paulista e constituir uma família. Meu pai Plínio, apaixonado por minha mãe Jesuína, deixou seu pai, mãe, irmãos, família e uma vida até estável no sul da Bahia e norte de Minas, para se casar com minha apaixonada mãe e construir uma vida nova nessa Terra de Maria Chica. O que compõem a nossa história de Penápolis certamente é o conjunto das histórias de amores de todas as famílias. Paixões, amores, trabalho duro, fé e esperanças foram fundamentos na construção da Cidade Princesa da Noroeste, nossa Santa Cruz do Avanhandava, nossa Penápolis.
São 115 anos de fundação oficial da cidade, mas aqui já era terra dos povos indígenas, desde tempos imemoriais, e que foram classificados erroneamente como ferozes, incultos e brutais. Já antes de 1908 – meados e finais no século XIX - muitos colonizadores já “tentavam sorte” por aqui, como é o caso da família de Maria Chica, de Eduardo Castilho e de outras famílias pioneiras, com registro de conflitos e confrontos com os povos originários, mas também de parcerias e convivência pacífica. Com erros e acertos de cada uma das gerações de políticos, empresários, cidadãos e cidadãs que deixaram suas marcas, foram consolidando a comunidade penapolense que continua em eterna e terna construção. O pequeno distrito que formava o quadrilátero central da cidade, projetada e desenhada por Cristiano Olsen, em torno da Estação Ferroviária, Santa Casa, Praça Carlos Sampaio Filho, Praça 09 de Julho e o Santuário São Francisco de Assis, hoje expandiu de forma significativa, indo em direção dos nossos antigos bairros rurais, de norte a sul, a leste a oeste. O pequeno distrito cortado por trilhos da Estrada de Ferro, “a antiga cidadela já virou um cidadão”, como diria o poeta. Córrego dos Pintos, ao norte, e Córrego Grande, ao sul, já não estão tão distantes do centro da cidade.
Penápolis nunca estará pronta e acabada. Estaremos sempre em construção. Com nossas fortalezas e com nossas fragilidades, com nossos desafios, virtudes e nossas potencialidades trazem no peito (e no brasão da cidade) a marca da fé de que podemos mais e melhor e que toda cidade possa olhar, zelar, acolher e direcionar cada um, nenhum a menos, de seus cidadãos e suas cidadãs. “De cada um, segundo suas possibilidades, para cada um, segundo suas necessidades”. Temos que ter, sempre, a humildade de pedir desculpas, pois do mesmo modo que pessoas, as cidades estão em processo perene de transformação. Devíamos ter placas em todos os cantos da cidade dizendo: “desculpe o transtorno, estamos em permanente construção”. E se trata de uma obra permanente em que as próximas gerações vão errando erros novos e consertando erros velhos. Cabe a todos e a todas mirarem e sempre refletirem sobre os erros e os acertos do passado e do presente e terem humildade e sabedoria de serem mais assertivos e solidários no futuro. Na Grécia Antiga, o filósofo Platão afirmava que “a cidade pode crescer até o ponto em que conserva sua unidade, mas nunca além disso”.
Comemoramos 115 anos do Patrimônio de Santa Cruz do Avanhandava, nome de batismo de Penápolis, que se tornou município oficialmente em 22 de dezembro de 1913. Nessa época é salutar buscar na memória coletiva algumas reflexões sobre o passado que servem para o presente e para o futuro. Façamos esse exercício de memória. Qual é o nome do tataravô, bisavô e avô de cada família? De onde eles vieram? Por que vieram para Penápolis? Quais sonhos alimentaram a partida do lugar de origem? Quais histórias de amor vivenciaram seus antepassados e quais são inspiradoras hoje? Aqueles que não nasceram em Penápolis, quais sonhos motivaram migrar para essas paragens? Os sonhos movimentam as pessoas. Cada família de Penápolis tem uma história para contar. Excetuando os descendentes dos Povos Indígenas, ninguém é nativo dessa terra. Migrantes ou imigrantes, alguns vieram para cá no século XIX, outros no início do século XX e há gente chegando por aqui nesse ano pós-pandêmico de 2023.
Gente que chegou montada em cavalos e burros, outros vieram a pé, alguns de pau de arara, outros chegaram no conforto do trem ou de ônibus. Com muitos sonhos na bagagem. Insatisfeitos de diversas partes do mundo e do Brasil, migrando para o interior de São Paulo. Vivendo em lugares de guerra ou de seca, descontentes com o local de origem, insuficiente para seus sonhos. Pessoas que moldaram muitas cidades em todo o mundo e Penápolis. Alguns realizaram seus sonhos, outros morreram sem realizá-los. Gente que aqui ficou e daqui jamais sairá. Eis, nós, os penapolenses, forjados em carcaça de sonhos e sofrimentos. Penápolis, com sua diversidade cultural. Muitos fatores unem os penapolenses, outros separam. Muitos realizaram seus sonhos e vivem em sua autonomia familiar e financeira. Outros ainda buscam “seu lugar ao sol”, sobrevivem na labuta por dias melhores. Alguns desistiram, outros persistem. Muitos conquistaram mais do que poderiam alcançar.
Os pioneiros deixaram lições de amor e de solidariedade. Construíram uma comunidade, com suas virtudes, sua história e seus desafios. O bastão desta corrida está nas mãos das atuais gerações, que devem mirar nos exemplos dos pioneiros penapolenses, gente de muita fé e apaixonados por nossa terra. A cidade que recebemos dos nossos antepassados nos permite avançar. Cada penapolense fazendo bem a sua parte hoje se resgata uma cidade mais solidária e mais justa para o presente e para o futuro. Amar, solidarizar-se, viver e transformar Penápolis, o melhor presente de um povo sempre apaixonado, nesses 115 anos de fundação.

(*) João Luís dos Santos, professor e advogado. Supervisor de Ensino do Estado e docente na Funepe. Foi vereador (2001 a 2004) e Prefeito de Penápolis (2005 a 2012). É membro da Academia Penapolense de Letras (APL)

João Luís dos Santos (*)



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