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ARTIGOS
15/04/2023
A outra face do inimigo

Soa paradoxal, num primeiro momento, afirmar-se que o inimigo tem a sua importância ou um “lado bom”. Como surge a inimizade? Ninguém é perfeito, erra-se e o ser humano possui graus de evolução cognitiva, emocional, espiritual e ética. Jesus Cristo, mesmo fazendo somente o bem, também teve inimigos, porque os seus ensinamentos e a sua fé contrariaram interesses de poderosos à época. Na vida, certamente teremos ideias ou atitudes que desagradarão a outras pessoas, podendo gerar inimizade. Cediço que não precisamos conviver com um inimigo declarado e irretratável. Convém, porém, ter cuidado. Muitas vezes o que de ruim se enxerga no outro, pode, na verdade, ser o nosso “espelho”. O defeito pode estar e conviver conosco, mas é visto pela mente no semelhante. É preciso “tirar a trave do olho” ... O homem, como ser pensante, forma conceito sobre si e sobre as demais pessoas. O problema é que, se nem mesmo nos conhecemos a fundo, quiçá aos outros. Conhecer a si mesmo, não é algo fácil, sendo assunto debatido pela filosofia e pela psicologia. Julgar o comportamento de outrem também é perigoso, porque não se sabe sobre a sua vivência ou realidade; quem age dessa forma, pode também ser julgado. Machado de Assis, em “Memórias póstumas de Brás Cubas”, cujo personagem e narrador é um defunto, relata num trecho da obra, assunto pertinente ao tema: “Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência ... O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte ...”. Pode-se, também, aprender com o inimigo. Imagine-se um algoz que durante um entrevero aponte ao seu contendor erros e defeitos, que ele realmente possua. Tal apontamento daquele se mostra benéfico ao desafeto, porque será uma oportunidade de reconhecimento e mudança. Isso porque, nem sempre os amigos gostam de mencionar sobre nossos erros e defeitos - ainda que devam fazê-lo, enquanto o inimigo o faz sem titubear. Podemos, ainda, mudar o conceito sobre alguém tido como inimigo, quando a sua atitude demonstre arrependimento ou benquerença, como ensinou Shakespeare: “Com o tempo se aprende e descobre, que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai, é uma das poucas que o ajudam a levantar-se” (Menestrel). Claro que, a mera divergência de opinião ou de ideia, por si, não significa inimizade. Enfim, autoconhecimento, “mente aberta”, tolerância e empatia, podem ajudar não só a fazer amigos, como também a evitar inimizades ou desfazê-las.
(*) Adelmo Pinho é promotor de Justiça do Tribunal do Júri em Araçatuba/SP. Este articulista escreve periodicamente para o jornal DIÁRIO DE PENÁPOLIS. E-mail: adelmopinho@terra.com.br
Adelmo Pinho (*)
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